
Aproveitando que neste domingo, dia 13, tem Fuga das Ilhas, uma das provas de natação mais esperadas do ano, a coluna No Pain No Gain desta semana é para quem quer participar de competições de piscina ou travessias.
A dica geral é igual da coluna da semana passada sobre provas de corrida: fazer avaliações clínicas antes de iniciar qualquer treino. (para ler clique aqui). Depois da avaliação é hora de realmente começar os treinos. Veja as cinco dicas dadas pelo mestre em fisiologia do exercício e proprietário da Trainer, Marcos Pudo.
Frequência
A natação não se assemelha a nenhuma modalidade, porque é feita no meio líquido. A frequência é importante para se adaptar melhor ao ambiente onde será praticada, por isso, menos do que três vezes por semana é complicado. Nadando duas vezes vai ser difícil conquistar bons resultados. Não adianta só nadar mais na véspera da prova, por exemplo. Em provas de piscina é preciso treinar a virada, não basta só ter velocidade. Essa parte técnica é fundamental, assim como a apneia. Menos de três vezes por semana fica complicado justamente por isso.
O ideal é sempre intercalar para ter um dia de descanso. Se organize para ter esse dia, porque daí você consegue ter uma intensidade maior nos treinos.
Avaliação específica
Depois de se adaptar, você precisa saber em qual ponto está na natação. Igual à corrida (clique aqui para ler), você precisa fazer uma avaliação específica da modalidade que está praticando, principalmente do estilo do nado que você quer disputar uma prova. Faça testes, descubra seu tempo e vá fazendo essas medições. A partir daí é que o técnico vai montar um treino para que você evolua. Não tem como fazer um treino sério sem referência, isso serve para qualquer modalidade. Seria o equivalente a ir ao médico com uma dor na perna e ele prescrever um remédio para dor de cabeça, não vai adiantar nada.
Se a ideia é saber qual é o remédio correto, o médico tem de ter o diagnóstico. Isso serve para a atividade física também. Os testes na piscina são variados, desde velocidade a resistência, por isso é legal conversar com o professor para saber qual é o mais indicado para o seu caso.
Adaptação ao ambiente
Se você estiver pensando em fazer uma prova em águas abertas, seja rio ou mar, é importante conhecer o local antes do dia da prova, principalmente se for a sua primeira. Vá até lá, nade um pouco se for possível e tente se ambientar. Nas provas de águas abertas, cada ambiente tem uma particularidade. O que já não acontece muito em piscinas, porque é basicamente um espaço que você já sabe como funciona e sofre menos influência de questões externas (ondas, correntes e vento).
Em represas, por exemplo, a água é mais escura e muita gente não está acostumada com isso, daí a importância de se adaptar. O mesmo vale para o mar, com ondas e correntes. Esse processo é importante para que você conquiste bons resultados.
Conhecimento
Assim como comentamos nas dicas para provas de corrida, o conhecimento é fundamental para qualquer pessoa. Por isso, a indicação é conversar com atletas mais experientes, buscar informações na internet e fazer parte de grupos de discussão sobre esse tema. Tudo isso vai dar informações para você entender melhor como é funcionamento das provas, dos treinos, da dieta e por aí vai. Como as provas de natação são bem diferentes (piscinas e águas abertas), ter informações é essencial para se sentir mais à vontade e não ficar morrendo de ansiedade antes da competição. Esse networking ajuda muito.
A natação tem uma característica competitiva um pouco diferente das demais modalidades. Em alguns casos, o cara está do seu lado na raia mas não fala com você, porque está quieto, se concentrando e focado em vencer. Mas nada impede que você possa criar ou participar de um grupo de pessoas que competem e troquem informações.
Composição corporal
Muita gente acha que quem nada pode ter um pouco mais de gordura para melhorar a flutuabilidade. Mas, considerando provas rápidas, isso já foi quebrado, porque a maioria dos atletas é magra e forte, com baixo percentual de gordura. Para quem faz travessias, aí sim pode ser uma verdade, porque melhora o desempenho.
A pessoa pode escolher as provas de acordo com isso. Na piscina, você precisa de mais força e será necessário aumentar a massa magra e diminuir a quantidade de gordura. A densidade da gordura e do músculo é diferente. Se você vai nadar uma prova de 50 metros, a flutuabilidade não é fundamental, porque é explosão e força. Diferentemente da travessia, cujo ritmo é menor e quanto mais em cima da água você estiver, menor vai ser a resistência e mais fácil para nadar.
Cuidar da composição corporal é importante, principalmente a turma da prova de piscinas, sobretudo por conta dos músculos. Eu já vi muita gente magra, com baixo percentual de gordura, sofrendo muito no mar, porque provas acima de 1500 metros exigem muito do corpo, e neste caso um pouco de gordura pode ser benéfico.
Moral da história: nadar é para peixe, por isso a adaptação é fundamental.